Das festas do calendário, o Natal é aquela que assume maior significado para as gentes desta terra.
É nesta quadra, à semelhança do que sucede no resto do país, que as famílias se juntam para a festa da consoada na noite de Natal.
A rapaziada, uma ou duas semanas antes, começa a juntar a lenha para o madeiro que irá arder na noite de Natal, antigamente em carros de bois e atualmente em reboques de tratores. Era costume, a rapaziada sorrateiramente entrar nos currais agarrando algumas giestas e lenha miúda que os donos guardavam nos cobertos ao abrigo da chuva, para melhor atear o madeiro, principalmente quando a noite estava de chuva ou neve.
O madeiro ou mariano como também era conhecido noutros tempos, é composto por troncos enormes e sobretudo grossas raízes de árvores, que foram arrancadas e que pela sua dimensão, não servem para queimar em casa, sendo guardadas para esse fim.
Terminados os trabalhos do madeiro todos recolhem a casa, onde mães e filhas, em grande azáfama, preparam a consoada, confecionando os pratos tradicionais desta aldeia, onde não pode faltar a bela couve cozida com bacalhau, as filhoses, as rabanadas, e o arroz doce, entre outras coisas que irão fazer as delícias de toda a família, nessa noite e no dia de Natal.
Por volta da meia noite, depois da consoada, as pessoas juntam-se no lugar do madeiro que ultimamente tem sido na Rua da Capela e é posto o fogo àquele grande amontoado de lenha, que não demora em arder em grandes labaredas que atingem vários metros de altura, fazendo afastar toda a gente dada a intensidade do calor que dele irradia.
Junto à fogueira, a rapaziada fica uma boa parte da noite, costumando assar uns frangos nas brasas do madeiro a acompanhar com um bom garrafão de vinho, o que mantém a alegria até de manhã.
Segundo diziam algumas pessoas mais antigas, era costume os rapazes baterem com uns cacetes nas brasas fazendo subir no ar milhões de “funiscas” ajudando assim a aumentar a alegria da festa.
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