Para contar ao pormenor não será fácil porque todos sabem que
“cá o rapaz” não é propriamente do tempo dos verdadeiros serões à moda antiga,
apesar de ter já ouvido contar muitas vezes, a várias pessoas da Quarta-Feira,
recordações de outros tempos, de forma nostálgica, o quão agradáveis eram os
tais serões que hoje, infelizmente, devido a condicionalismos vários já não se
praticam.
Seria pois necessário recuar bastante no tempo, por volta dos
anos cinquenta, sessenta ou setenta para podermos compreender como eram na
realidade os serões Quartafeirenses daquela época.
Tudo começava depois de jantar, após mais um dia cansativo
nas lides do campo.
Os vizinhos reuniam-se na casa uns dos outros à volta da
lareira nas frias noites de Inverno, onde à luz da candeia completavam tarefas
que à luz do dia não foi possível realizar.
As mulheres fiavam a lã, o linho ou remendavam e faziam
algumas roupas como camisolas de lã, meias e outras. Os homens entretinham-se
com o tradicional jogo de cartas, falavam do tempo, das colheitas ou das
sementeiras e muitas vezes planeavam-se trabalhos para o dia seguinte. As
raparigas passavam o tempo a fazer renda ou a bordar, a pensar no enxoval enquanto
ao lume se assavam umas castanhas que antigamente havia em abundância na
Quarta-Feira.
Chegada a hora de ir embora, cada um pegava nos seus
agasalhos e com votos de boa noite e um até amanhã regressavam a casa.
Segundo se conta na Quarta-Feira, um famoso lugar de serões
era na loja da casa que hoje é do Ti Manuel Marques e da Ti Prudência.
Era lindo, era salutar e deixaram saudades os serões vividos
e contados à luz da candeia.
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