segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Poema dedicado à Quarta-Feira


    T
U       R        A
Q      A                   F   E   I  R  A
                                              
Como decidir o que fazer do olhar?
Que obsessão esta com as expressões primevas
de tempos lá longe de nós
Cenários descronológicos
encurralados neste presente evasivo
fora do passado e do futuro?

Miradouros de fascínios
de voos do espírito e doutros desígnios
Abdicaríamos de mãos nesse permeio
por penas de enleio?
Miradas, planícies há-as até perfeitas
entre certinhas e desfeitas
compostas com um rio andante
caminheiro de vida, tresandante

É sina da montanha
ser só uma a almejada
razões de tabu de antanha
da nossa alma aprisionada
Balista de vislumbres e de gravidade
larga rampa de pedras e olhares
pedestal da minha visibilidade
e dos meus sonhares…

Tantos vales (cada vale, vale cada pensamento
inexplicado, inesperado, inaudito, valem os três )
Maravilhosos encaixes abruptos, equilíbrios graciosos
entre a gravidade fraca mas muita
e o Sol motriz
num processo húmido de permeio…


Schiu! Silêncio, aprecia, é a Quarta-feira!


Nota:  Escrito e  enviado por Carlos José Maria

domingo, 27 de fevereiro de 2011

António Clemente. Um dos grandes acordeonistas da Quarta-Feira


Desde há muito tempo que a Quarta-Feira é conhecida como sendo a terra dos tocadores, tendo, António Clemente ocupado o lugar de topo relativamente aos saberes musicais.
Por volta dos anos 30 do século passado foi emigrante em França como tantos outros desta localidade e foi aí que além de tocador se tornou também compositor de várias obras musicais de entre as quais se destaca a “Marcha Paris/Lisboa”.
Pensa-se que a sua veia artística terá sido complementada com estudos feitos numa escola parisiense, cujas aprendizagens trouxe no seu regresso à sua terra natal por altura da segunda guerra mundial.
As suas qualidades enquanto acordeonista foram de tal forma invulgares que ainda hoje quando alguém desta aldeia passa por algumas terras ainda distantes e por algum motivo cita o nome da Quarta-Feira, é muito vulgar ouvir-se como resposta: “Essa era a terra do Clemente”. Tal expressão ouvida várias vezes e em muitas terras, revela bem o quão importante foi a sua fama como acordeonista.
Conta-se que na sua época, tendo havido na cidade da Guarda um concurso de acordeonistas de vários pontos do país, também ele se inscreveu para poder participar. No referido dia do concurso, tendo chegado já um pouco atrasado e vestido à moda dos pastores desta região com uns “safões” que são umas calças de pastor feitas com pele de borrego, já o não queriam deixar actuar.
No entanto, alguém do júri proferiu a seguinte frase: “Deixem lá tocar o pastor”, tendo feito de seguida a sua actuação.
Foi tal a mestria com que interpretou um número do seu vasto repertório que deixou toda a assistência de “boca aberta” especialmente o júri que decidiu por unanimidade atribuir-lhe o primeiro prémio desse concurso.
Finalmente, quando lhe pediram para voltar a tocar o mesmo tema e por lhe terem chamado “O pastor” ele terá respondido “O pastor não pode tocar mais porque tem que ir embora para deitar as ovelhas fora do bardo”.l

Obs: Esta informação foi-me citada por José Joaquim da Costa que a ouviu a um velho barbeiro da cidade da Guarda de nome Casimiro quando soube que o seu cliente do momento era da Quarta-Feira.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A alambicada do "Ti Manuel Antunes"

Fazer água ardente à moda antiga já é uma tarefa pouco habitual na Quarta-Feira, no entanto ainda vai havendo quem se dedique a tal actividade que já pode ser considerada de outros tempos.
Antigamente, fazer água ardente era uma actividade comum, pois os antigos não se preocupavam com excessos de álcool ou com os seus malefícios e todos tinham um certo brio em ter “cachaça” quanto mais forte melhor para,  nos dias frios, andarem mais quentes e para, quando as situações se proporcionassem, oferecer aos amigos.
Seria também com esses propósitos que um dia o “Ti Manuel Antunes” que morava em frente à casa do Ti Luís Cunha, fez a sua água ardente, mas ao que parece e se conta na Quarta-Feira, “levou para tabaco”, isto é, levou uma lição que nunca mais deve ter esquecido.
O “Ti Manuel Antunes” estava tranquilamente a fazer a água ardente, quando, por obra do acaso se lhe juntaram à volta da sua alquitarra, os rapazes da época, que por tradição se juntavam nas noites em que alguém tinha o lume aceso e a água ardente a correr para o garrafão.
O que de facto aconteceu e ficou para a história da Quarta-Feira foi a particularidade de os rapazes irem provando e conversando até que o coitado do “TI Manuel Antunes” acabou de fazer a alambicada e não ficou mesmo com nada, pois os ditos rapazes beberam-lhe toda a água ardente.
 A titulo de curiosidade, o “ Ti Manuel Antunes” era casado com Conceição Baptista, foi um casal da Quarta-Feira que, segundo se conta, teve “só” 19 filhos e nenhum sobreviveu.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Quarta-Feira e os trocadilhos

Será que alguém da nossa aldeia, quando confrontado com a simples e habitual pergunta “De onde é ? ou Qual é a sua terra ?” nunca sentiu a ousadia de dizer outro nome que não Quarta-Feira, como por exemplo Sortelha ou Sabugal, com receio de ser mal entendido e correr o risco de ser confrontado com a expressão: desculpe mas o senhor/a não percebeu, pois só lhe pergunto de onde é e não o dia da semana.
Certamente, esta situação já sucedeu com a maioria dos Quarta-Feirenses que de certeza têm orgulho em dizer o verdadeiro nome da terra que um dia os viu nascer.
Contudo, ainda existe a possibilidade e a tentação da má língua dizer que a Quarta-Feira não vem no mapa, mas para esses podemos dizer que então procurem no calendário que facilmente encontrarão o nome da aldeia mais falada de Portugal, que é única e que afinal até à Quarta-Feira tem o Carnaval.

A Estrada da Quarta-Feira

Corriam os anos de 83/84 do século passado, quando alguém entendeu ser necessário um acesso que fosse de encontro às necessidades do povo da Quarta-Feira. Pois, até então, para se chegar a esta localidade era necessário fazer uso de estradas que só mesmo quem tivesse absoluta necessidade estaria disposto a percorrer.
Foi realmente, uma mais valia para a Quarta-Feira a construção desta estrada, que se fosse hoje dificilmente seria construída, pois o “simplex” parece que só o é de nome, de resto é tudo muito “complicadex” e cada vez que se pensa em dar início a uma obra desta envergadura, desde que se projecta até passar por todas as autorizações e fases de construção, até ficar concluída, vai uma grande distância e por vezes passam-se meses e anos e nada aparece como é o caso da famosa ligação do Sabugal à A23.
A verdade é que a estrada da Quarta-Feira aproximou esta localidade da sede de concelho, da capital de distrito e tornou a Quarta-Feira num ponto estratégico de passagem privilegiado para a beira baixa, tornando a Quarta-Feira uma aldeia mais conhecida e com mais movimento.
Pois bem, a “ Estrada Nova” como ainda hoje é, por alguns denominada, foi para esta terra uma grande vantagem, que se fosse hoje, quem sabe se não teria também portagem.  

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A resposta da câmara após tomar conhecimento da mensagem do blog sobre a paragem de autocarro

Serviços Municipais de Protecção Civil da Câmara Municipal do Sabugal

Sendo objectivo fundamental de actuação dos Serviços Municipais de Protecção Civil a prevenção de riscos colectivos e a ocorrência de acidentes graves ou de catástrofes deles resultantes e conforme o previsto no artigo n.º 5 da Lei nº 27/2006,de 3 de Julho.
Vem por este meio a Serviços Municipais de Protecção Civil da Câmara Municipal do Sabugal informar vossa excelência que após deslocação ao local verificamos a degradação do imóvel o qual é proprietária a junta de freguesia de Sortelha a qual será notificada para intervir no imóvel o mais rapidamente possível de maneira a minimizar os riscos existente para pessoas e bens.
Conforme o previsto no artigo n.º 7 da Lei nº 65/2007,de 12 de Novembro “As juntas de freguesia têm o dever de colaborar com os serviços municipais de protecção civil, prestando toda a ajuda que lhes for solicitada, no âmbito das suas atribuições e competências, próprias ou delegadas.”
Junto envio fotografias da paragem tiradas dia 21-02-2011 ás 15 horas

Sem mais de momento

Alberto José Lavrador Barata, Eng.
  
  

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Arrematação das Janeiras

No Sábado dia 19 de Fevereiro a Quarta-Feira, arrematou em hasta pública as Janeiras de 2011. O povo juntou-se à saída da missa e a tradição voltou a cumprir-se. Entre chouriças e outras caisas havia um cabrito vivo, que alguém ofereceu. As chouriças por serem muitas foram adquiridas a meias por duas pessoas. Haja chouriças que quem as compre vai sempre havendo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Joaquim Firmino Gomes não deixa as matanças cair no esquecimento

No Sábado dia 19 de Fevereiro, Joaquim Gomes fez cumprir a tradição da matança.
Juntou alguns familiares e amigos e o bicho não ficou vivo. Esta é a prova que a Quarta-Feira não deixou perder os seus costumes que ao longo de várias gerações foram sendo transmitidos.
Parabéns ao Joaquim e que continue por muitos anos a dar seguimento a este acontecimento que já começa a ser uma verdadeira raridade.


O moinho do Chão Novo

O moinho do Chão Novo, mais não é que o reavivar de uma das tradições mais emblemáticas, que é a moagem do trigo, do centeio ou do milho com recurso à força da água.
O Moinho do Chão Novo data de 1899 e foi recuperado no ano de 1997, encontrando-se até então num avançado estado de degradação, tendo sido apenas aproveitado parte das paredes e a mó de pedra.
Com o aparecimento das moagens industriais, estes moinhos deixaram de ser utilizados e, com o tempo, ficaram degradados e muitos acabaram por cair
A Quarta-Feira, é pois uma das poucas localidades da nossa região a ter um moinho recuperado, moinho este que noutros tempos, com certeza, foi muito importante e útil a muitos habitantes desta aldeia.
Que mais não seja um moinho recuperado é sempre uma forma de as gerações mais novas terem uma noção e valorizarem um pouco o trabalho do campo e artesanal de outros tempos, em que as fábricas industriais ainda estavam longe de aparecer.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Entrudo na Quarta-Feira

A quadra carnavalesca, foi em tempos que já lá vão, uma imagem de marca da Quarta-Feira, pois havia nesta localidade uma verdadeira tradição de carnaval.
Segundo contam as pessoas com mais idade, a Quarta-Feira era uma aldeia de referência, no concelho de Sabugal, na comemoração desta quadra festiva, pois no dia de carnaval todos os caminhos vinham dar à Quarta-Feira, sendo muitos aqueles que, de terras vizinhas, vinham até à nossa aldeia à procura de diversão ou então para darem largas à sua imaginação com os seus disfarces carnavalescos.
Para além de um baile e muitos Entrudos, havia uma atracção principal que era a Fama do Entrudo que ainda hoje se realiza. A Fama é nada mais, nada menos que uma sátira carnavalesca que consiste precisamente em ridicularizar certas “passagens” da aldeia, principalmente das raparigas e também dos habitantes em geral, tendo sempre por base a imaginação, porque, na maioria das vezes, os factos ali narrados nunca aconteceram e nada têm a ver com a realidade.
Na Quarta-Feira, o carnaval tinha uma tal expressão que os rapazes começavam a “vestir-se de Entrudo”  quase com um mês de antecedência do dia de carnaval, sendo uma das suas principais diversões tentar assustar ou “meter medo” aos mais pequenos, para quem os Entrudos são uma espécie de figuras fantásticas e temidas, pois as suas vestes e máscaras eram sempre muito medonhas e para os adultos uma verdadeira incógnita na tentativa de descobrir quem se esconde por trás de tão insólita forma de trajar.
Quanto às iguarias de carnaval, também elas são bem típicas na Quarta-Feira, sendo prato obrigatório, as orelhas, o focinho e as patas de porco cozido.
O carnaval da Quarta-Feira é na verdade, uma tradição da qual a maioria dos habitantes guarda boas recordações  e que este povo deve manter viva, não a deixando cair no esquecimento.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

As Janeiras Na Quarta-Feira


As Janeiras, é uma tradição portuguesa que, em Portugal, se comemora, com algumas diferenças de região para região, mas sempre tendo por base o mesmo motivo que é anunciar o nascimento de Jesus e pedir aos residentes as sobras Natalícias.
Também na Quarta-Feira esse costume é ainda hoje vivido com entusiasmo pelos seus habitantes, embora já não seja comemorado como outrora, em que todos as famílias matavam o porco e tinham sempre uma morcela ou chouriça para dar. Hoje, em virtude de a matança já ser um fenómeno um pouco raro, a maioria das pessoas opta por dar dinheiro. As receitas obtidas com esta tradição vão servir, no caso da Quarta-Feira, como contributo para a festa da aldeia em honra de Nossa Senhora do Desterro, que se realiza de 3 em 3 anos no mês de Agosto, para que aqueles que estão longe possam estar presentes.
A última festa da Quarta-Feira foi em Agosto de 2010 e a próxima vai ser em Agosto de 2013, cujos mordomos vão ser Loic Gonçalves, Morgane Gonçalves, Lucrécia Reis e Ricardo Costa.
O pedido das Janeiras de 2011 teve lugar no passado Sábado dia 12 de Fevereiro, tendo estado a cargo de André Gonçalves em representação de Loic e Morgane, de Diamantino Costa em representação de seu filho Ricardo e Joaquim José marido de Lucrécia.
Esperemos que a Quarta-Feira continue a ter mordomos para que as festas se continuem a realizar por muitos e muitos anos.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Aos Quarta-Feirenses emigrantes e aos que estão fora cá dentro

É sempre com alegria que a Quarta-Feira recebe, no mês de Agosto, os nossos emigrantes e aqueles que não o sendo, também aproveitam essa época do ano para aqui regressar.
O regresso dos filhos da terra é sempre um motivo de satisfação para aqueles que aqui têm as suas rotinas do dia a dia.
É de facto muito agradável ver a nossa aldeia ganhar outra vida com o reencontro, com o matar de saudades, com as habituais perguntas de como correu a vida, quando é que cá há festa, quem é que já chegou, entre outras que inevitavelmente, todos os anos, fazem parte do “nosso povo”.
Por vezes, é verdade que as circunstâncias da vida nem sempre permitem que todos consigam vir à Quarta-Feira em Agosto ver as suas gentes e matar saudades, mas o que é preciso é não desesperar e deixar perder o espírito Quarta-Feirense, pois outros Agostos virão e a Quarta-Feira cá os espera de braços abertos.
Contudo, para minimizar as saudades, é sempre possível virem à Nossa Quarta-Feira via on-line e ver umas fotos das suas belas paisagens, onde, de certeza, um dia foram muito felizes.

Cumprimentos e abraços para todos os que fazem parte desta Quarta-Feira que não os esquece.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O perigo de esperar o autocarro na Quarta-Feira

Na Quarta-Feira existem duas “cabanas” nas paragens do autocarro e uma delas, a que está junto à pedra das fases da lua, ou seja a que está do lado Norte, encontra-se danificada há já alguns anos, pois as suas paredes estão completamente rachadas e o telhado está danificado. Esta estrutura ficou em mau estado porque, certo dia, um autocarro ao fazer ali uma manobra mal calculada, acabou por bater e danificar o que até então permanecia intacto.
A questão que se coloca é saber até quando a referida “cabana” vai permanecer danificada. Será que é preciso cair em cima de alguém ou terá que ser a natureza, pela força do vento, a derrubar o que resta para, depois então, vir alguém a lamentar o sucedido para se proceder a averiguações e então se mandar arranjar?
Esperemos que não, mas antes que a sua requalificação seja rápida.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Quinta Velha ou Quinta Nova

Todas as localidades, principalmente as de maior dimensão, estão organizadas territorialmente em ruas, largos, pracetas e bairros. A Quarta-Feira, não sendo excepção tem também o nome das suas ruas, como é o caso da Rua Direita, Largo da Escola, Beco do Cabecinho, Rua dos Pessegueiros, entre outros. Mas para além do nome das ruas, a Quarta-Feira tem uma divisão territorial muito anterior, imposta por moradores de outros tempos, que é precisamente a Quinta Velha e a Quinta Nova, sendo uma espécie de bairros distintos, cujo marco de divisão é um pequeno ribeiro, com o nome de Barroca dos Lanchais. A dita Barroca era um local temido pelos mais novos, pois ainda hoje é costume os adultos dizerem aos pequenos, em jeito de brincadeira mas com ar sério, que naquele local está lá a Pita Preta. Talvez essa espécie de lenda tenha uma explicação, mas ao certo não se sabe desde quando ou como nasceu essa expressão que ainda hoje se usa com frequência na Quarta-Feira : “tem cuidado que está lá a Pita Preta”.
Histórias à parte, a verdade é que a Quarta-Feira tem ainda hoje bem vincado um certo bairrismo entre os seus habitantes e por vezes, em conversas de taberna, já este assunto tem sido tema de conversa em que os da Quinta Nova vincam a ideia que é lá que estão os monumentos mais importantes como por exemplo a Escola, a Casa do Povo, o Poço das Heras e os da Quinta Velha contra-atacam, puxando a brasa à sua sardinha, dizendo que é lá que estão os Cafés, a Igreja,, o Forno entre outras coisas.
A verdade é que a Quarta-Feira, deve ter tido a sua origem na Quinta Velha e prolongou-se para a zona onde é hoje a Quinta Nova e as duas são inseparáveis e formam um todo que conferem à Quarta-Feira uma beleza natural, fazendo desta aldeia um lugar único sem igual que,  na opinião de muitos Quarta-Feirenses,  até poderia ser considerada uma das maravilhas de Portugal.  



terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A matança do porco na Quarta-Feira

A matança do porco é uma tradição que, embora sem a importância que teve noutros tempos, continua a realizar-se na Quarta-Feira, à semelhança de outras aldeias dos arredores, obedecendo a um certo ritual que já ninguém se lembra da sua origem.
A matança realiza-se principalmente nos meses de Dezembro e Janeiro quando as condições climatéricas são mais adequadas.  Tal como é praticada na Quarta-Feira, a matança é uma festa familiar de encontro e de confraternização que começa com o marcar do dia, isto é, da data em que se vai realizar, pois é necessário informar a família que se quer convidar com alguma antecedência para que esta se possa organizar de forma a poder estar presente.
Chegado o dia do grande acontecimento, “da matança”, os familiares chegam a casa do dono do porco muito cedo para tomarem o pequeno-almoço, onde há um primeiro momento de convívio e se come qualquer coisa para haver força para se poder segurar o “marrano”.
De seguida há uma distribuição de tarefas, que todos já conhecem; os homens vão ao “cortelho”, lugar onde está o porco e com uma corda levam o animal até ao local onde vai ser morto, geralmente é sobre um carro de vacas ou uma espécie de banco de madeira. Depois do animal estar na horizontal, há alguém experiente, que põe em prática toda a sua habilidade e, de uma só vez, espeta a faca no pescoço do bicho enquanto uma mulher vai apanhando o sangue para um alguidar ao mesmo tempo que, com uma colher de pau, o vai mexendo para não coagular. Quando o porco já não mexe e já está morto, então o seu pêlo é chamuscado, antigamente com palha e actualmente com um maçarico, e logo a seguir é lavado com água e raspado com facas e pedras.
Seguidamente o porco é pendurado numa escada com um “chambaril” que é um instrumento em madeira em forma de meia-lua, é aberto, as tripas são-lhe retiradas e mais tarde desmanchado para se colocar na salgadeira ou ma arca frigorifica.
Após estas tarefas segue-se o almoço onde há iguarias típicas das matanças. Depois do almoço, as mulheres vão lavar as tripas para a ribeira e durante o dia fazem vários tipos de enchido.
Quando chega a hora de jantar a família volta a juntar-se e a festa continua. No final do jantar reza-se em família e conversa-se um pouco ao serão em volta da lareira.
A matança tradicional é de facto um fenómeno que está a desaparecer, pois começam a ser poucos aqueles que ainda seguem à risca os rituais que estão por trás desta prática comunitária, em que a família e amigos se encontram e, muitas vezes, revivem acontecimentos e recordam antepassados.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Poço das Heras, a praia dos Quarta-Feirenses


O Poço das Heras é um local de lazer, de descanso e divertimento situado numa ribeira, bem no coração da Quarta-Feira.
Enquanto a ribeira corre, as águas límpidas e cristalinas com os seus peixes formam um local de encanto onde as árvores que rodeiam aquele local convivem harmoniosamente com a “Serra do Ti Insébio” que espreita lá do alto.
O Poço das Heras foi palco de muitas brincadeiras, principalmente das crianças que cresceram na Quarta-Feira. Se falasse, com certeza que este local teria muitas histórias para contar, pois esta piscina que a natureza nos deu, era ponto de encontro obrigatório, dos mais jovens, nas tardes de verão.
Foi ali que ao longo de várias gerações, os verões se foram passando, tornando mais frescos os dias mais quentes daqueles que um dia nasceram na Quarta-Feira e que de certeza, muitos, ainda guardam boas recordações.


sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Forno comunitário, simbolismo do passado


Em tempos que já lá vão, quando à Quarta-Feira, à semelhança de tantas aldeias, era difícil chegar um padeiro e tão pouco havia, da parte da população, possibilidades económicas para se poder adquirir esse bem tão precioso e de primeira necessidade que é o pão, não restava às pessoas outra alternativa que não fosse o cultivo do centeio em lugares de tão difícil acesso que às novas gerações lhes parece impossível que alguma vez essas encostas rochosas, escarpadas e de grande declive tivessem sido cultivadas.
Era pois a realidade daqueles tempos em que cada família tinha que praticar uma agricultura de subsistência capaz de lhes garantir a sua auto-suficiência do ponto de vista alimentar.
É neste contexto que nos aparecem os moinhos de água, que no caso da Quarta-Feira eram  7, e os fornos comunitários .
Na Quarta-Feira o forno servia toda a população que de 15 em 15 dias ali ia cozer o pão que haveria de servir de sustento, às vezes quase em exclusivo, a cada família.
De cada vez que o forno cozia havia sempre um habitante que estava encarregado de desamuar o forno, o que consistia em aquecê-lo pela primeira vez paro o que era necessário bastante mato, que era, naquele tempo, uma matéria muito escassa, tornando-se por isso, o desamuar do forno, uma tarefa difícil a que ninguém se podia negar.
Além da sua função primeira “padaria do povo”, o forno desempenhava também uma função social, pois era ali que à noite, essencialmente no Inverno, em volta da fogueira a rapaziada se juntava aos serões para conviver e de vez em quando, se as finanças o permitiam, fazer algumas borgas, nomeadamente as bicas que eram uma tradição que consistia no pagamento de vinho, bacalhau, tabaco e outras coisas, por parte daqueles que de outras terras aqui se vinham casar.
E é neste espírito de reviver as tradições do passado que ainda hoje, anualmente, pela altura do Entrudo, aqui se realiza o evento “ O pão da nossa Aldeia”.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A Escola Primária que foi e aquilo em que se transformou

À semelhança da maioria das aldeias, também a Quarta-Feira teve uma escola primária, modelo plano centenário, cuja arquitectura era uma marca do Salazarismo. Oliveira Salazar, foi a figura controversa que todos sabemos, para uns uma figura nostálgica que até cá fazia falta e para outros, não passa de uma personalidade do passado que nem o seu nome é bom lembrar. A verdade é que não há ninguém tão mau ou tão bom que consiga apenas protagonizar  “cenas” só de ventura ou de desventura e Salazar foi um politico que, como tantos outros, teve o seu lado positivo e a sua faceta menos boa. Esquecendo agora os aspectos negativos, é bom lembrar que foi graças ao seu espírito campestre e ao seu apreço pelo mundo rural que o ensino primário se massificou ao ponto de quase todas as aldeias, por mais pequeninas que fossem, terem uma escola primária, onde muitas gerações aprenderam ensinamentos muito importantes para a vida.
A Quarta-Feira, não sendo excepção foi também contemplada com uma escola primária que durante mais de 50 anos teve as portas abertas para as crianças da aldeia.
Foi de facto uma pena que o flagelo da desertificação do interior tivesse chegado a este ponto de as escolas terem de fechar por falta de alunos. Mas enfim, a realidade é esta e as escolas cheias de vida e de alegria deram lugar a edifícios sombra, muitas vezes, em ruína. Mas na Quarta-Feira  conseguiu-se, pelo menos, evitar essa degradação do edifício escolar, que mais ano menos ano seria um mau cartão de visita da Quarta-Feira, onde provavelmente haveria vidros partidos, silvas e arbustos.
A escola primária transformou-se então num moderno laboratório de teatro, com todos os requisitos, ao dispor do grupo Guardiões da Lua, ao mesmo tempo que tem também um salão polivalente ao serviço de toda a população desta aldeia.
Esta obra deve um agradecimento especial ao Rui Marques, um rapaz cá da terra que todos sabem que é um grande admirador  da Quarta-Feira  e que por isso tem sido uma pessoa cujo dinamismo e empenho muito tem contribuído para o bem comum de todos nós que gostamos de ver a Quarta-Feira na rota do sucesso e da prosperidade.




quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Luís Cunha. Um Herói da Quarta-Feira

Será que há algum filho da terra que nunca ouviu falar em Luís Cunha? Com certeza que não, pois Luís Cunha está para a Quarta-Feira como Luís de Camões para Portugal. Para além do nome Luís, comum aos dois, têm também a eles associada a capacidade de se perpetuarem na memória das gerações posteriores a eles. Se Camões deu nome a Portugal pelas suas grandes obras literárias, Luís Cunha deu nome à Quarta-Feira pelas suas grandes qualidades enquanto acordeonista.
Se ainda hoje a Quarta-Feira é conhecida como sendo a Terra dos Tocadores, muito deve a este homem, ao " Ti Luís Cunha" como ainda  hoje é denominado quando alguém a ele se quer referir.
Segundo contam as pessoas com mais idade, que melhor o conheceram, a sua projecção ia muito além da Quarta-Feira e da freguesia de Sortelha, pois com a ajuda da sua bicicleta, meio de transporte que usava para se deslocar, fazia actuações em locais que, para um veículo movido a pedais, eram muito distantes, como é o caso de Pinhel, Vila Franca das Naves e Penodono.
Luís Cunha era um homem amigo da farra que estava sempre pronto para mais uma "ronda" com a rapaziada pelas ruas da Quarta-Feira.
Este homem foi, sem dúvida, uma figura ilustre, que faz parte do património cultural e da identidade desta aldeia, cuja história não devemos deixar cair no esquecimento.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Algum do nosso património religioso

A Quarta-Feira tem uma capela onde, até há pouco tempo havia missa todos os Domingos sempre à mesma hora. Mas o Padre José Pires, que era o Sacerdote da nossa aldeia, deixou, devido à sua idade já avançada, de poder prestar o serviço religioso que desde há 30 anos prestava nesta comunidade e então deixou de haver missa com a regularidade que, até então, as pessoas estavam habituadas, pois o Padre Manuel Dinis, actual responsável da paróquia, por motivos que todos conhecem, não tem disponibilidade para poder assegurar missa todos os Domingos.


Contudo, o povo da Quarta-Feira, na medida do possível, vai continuando, a preservar o espírito de Domingo, colocando uma pausa sobre os trabalhos agrícolas e reservando este dia para o descanso e para o reencontro familiar.

Começou a contagem decrescente para as Scut da nossa região ( A23 e A25) terem portagem. .

Segundo os meios de comunicação social, o início da cobrança de portagens nas vias, até agora, sem custos para o utilizador ( SCUT ), está previsto para o dia 15 de Abril. Para aqueles que aqui pertencem e que o destino os levou para outras paragens, aqui fica o preço que irão ter de pagar, de portagem, sempre que aqui queiram regressar e tiverem de utilizar a moderna A23 ou A25.
As isenções previstas serão apenas para utilizadores locais e empresas, nas primeiras 10 utilizações mensais e desconto de 15 por cento nas utilizações seguintes.

A25

Vilar Formoso / Aveiro:   16,00 €
Guarda / Viseu:   6,40 €
Vilar Formoso / Guarda:   3,40 €

A23

Guarda / Covilhã:   4,25 €
Guarda / Castelo Branco:   7,70 €
Guarda / Fundão:   5,00 €
Guarda / Torres Novas:   16,70 €
Covilhã / Fundão:   1,60 €

Os Guardiões da Lua da Quarta-Feira

Os Guardiões da Lua são um grupo de teatro, cujos artistas são, essencialmente, da Quarta-Feira e que já conta com mais de uma década de existência.
O seu fundador foi João Reis, homem de talento e de causas nobres, cujos contributos têm sido muito importantes para a nossa aldeia. Para além de encenador dos Guardiões da Lua é também um brilhante escultor, com uma vasta colecção de obras de arte em pedra.
Os Guardiões da Lua dispõem de um moderno laboratório de teatro onde as suas peças são trabalhadas e ensaiadas antes de o público as conhecer.
Esperemos que este grupo nos continue a oferecer a diversão e o espectáculo com o estilo e a qualidade com que já nos habituou, pois afinal o teatro é uma forma de expressão bem salutar cujo consumo em excesso não tem contra indicações, pelo que se aconselha.
Parabéns a todos os membros do grupo.