Durante a Quaresma um rapaz e uma rapariga, de comum acordo,
entrelaçavam os dedos da mão direita e diziam:
Enganchar,
enganchar
Até ao dia
do afolar
Quando eu te
vir
Hei-de te
mandar rezar.
Deste modo ficavam compadres e acordavam ( contratavam ) que,
até à véspera do dia de Páscoa, o primeiro que visse o outro, o “mandava rezar”
um “Padre Nosso” e uma Avé-Maria.
Quando estabeleciam o
contrato diziam logo que debaixo de telha não valia, por isso, alguns de
espirito mais imaginativo e mais brincalhões, traziam sempre um caco de telha
no bolso, para colocarem na cabeça quando viam o respectivo compadre, para que
o não pudessem mandar rezar.
O que no último dia fosse descoberto pelo outro fora de casa
e fosse mandado rezar, obrigava-se a dar amêndoas ao compadre ou comadre, indo
comprá-las a Sortelha, à Festa de Santo Antão ou à Senhora da Póvoa.
As raparigas nesse dia evitavam sair de casa, para não serem
vistas, enquanto os rapazes eram mais fáceis de encontrar na rua, por isso na
maior parte das vezes perdiam.
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