Nem só de monumentos, acontecimentos e datas importantes se faz a história de um povo, mas também de figuras ou de pessoas que um dia fizeram parte dele.
Em qualquer comunidade há sempre elementos que por um motivo ou por outro se destacam, uns pela positiva e outros por razões que não são motivo de glória mas por algo que prima pela diferença a que sociologicamente, podemos de chamar de comportamentos desviantes.
Assim sendo, já aqui foram relembradas algumas “figuras” quartafeirenses que indiscutivelmente fazem parte da história desta terra como foi o caso do Ti Luís Cunha, do Ti Eusébio, e do Ti António Clemente, mas para além destes a Quarta-Feira teve também outras pessoas que deixaram marcas e são como que uma peça de um puzzle sem a qual o todo não fica completo.
É pois neste sentido que importa recordar esta “figura” que é o Ti Beijamim, que ainda não há muito deixou de estar, fisicamente entre nós, porque na memória e na história jamais deixará de estar.
O Ti Beijamim pode ter sido para uns uma figura de bem e para outros, apenas um habitante como tantos outros, mas a verdade é que este homem tinha um traço de personalidade muito próprio que fazia dele um bom ser humano.
Falar do Ti Beijamim é encaminhar a memória para a boa disposição e para a brincadeira, pois este homem tinha sempre um ar de graça e quando passava por uma qualquer rua da Quarta-Feira a pé, de burro ou de mota deixava sempre um pouco de si e do seu melhor que era o seu bom humor que lhe era bem peculiar, pois na manga trazia sempre uma pequena história ou brincadeira que em quaisquer 5 minutos faziam rir quem com ele, por qualquer motivo, estabelecia um diáligo.
O Ti Beijamim era também um bom amigo da boa pinga e adorava matar a sede com copos grandes e de preferência bem cheios. Quando o vinho era do seu agrado tinha por hábito dizer que era como um toiro e quando apreciava uma qualquer iguaria que lhe caia bem então não hesitava em dizer que sabia a coelho.
Aqueles que frequentemente conviviam com ele já conheciam muitas das suas histórias, mas quando o tinto lhe corria nas veias em maior quantidade não perdia a oportunidade para contar a anedota do “broeiro” que aqui não conto por ser “imprópria para consumo” em locais de acesso público como é um blog. Mas para se ter a noção e recordar o “género cómico” do Ti Beijamim aqui vai uma pequena amostra daquilo que o caracterizava, pois não será propriamente uma história desconhecida, mas certa dia quando à Quarta-Feira se deslocou uma equipa de uma estação televisiva para entrevistar alguém sobre as minas, quis o destino que o entrevistado fosse precisamente o Ti Beijamim que começou por dizer como se chamava, qual era a sua idade e lá foi respondendo às questões que lhe iam colocando, mas a certa altura da entrevista perguntaram-lhe se em virtude de eventuais contaminações já padecia de alguma doença, ao que ele respondeu prontamente e sem hesitações: “já tenho os males todos”. Segundo ele, esta foi apenas uma tentativa de ver a sua reforma aumentada, o que na verdade não produziu o efeito que ele pretendia, no entanto revela bem o seu tom jocoso com que encarava a vida indo de encontro à célebre frase ( ridendo castigat mores ) que significa a rir se corrigem os costumes, fazendo deste lema um estilo e uma forma de vida.
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