A matança do porco é uma tradição que, embora sem a importância que teve noutros tempos, continua a realizar-se na Quarta-Feira, à semelhança de outras aldeias dos arredores, obedecendo a um certo ritual que já ninguém se lembra da sua origem.
A matança realiza-se principalmente nos meses de Dezembro e Janeiro quando as condições climatéricas são mais adequadas. Tal como é praticada na Quarta-Feira, a matança é uma festa familiar de encontro e de confraternização que começa com o marcar do dia, isto é, da data em que se vai realizar, pois é necessário informar a família que se quer convidar com alguma antecedência para que esta se possa organizar de forma a poder estar presente.
Chegado o dia do grande acontecimento, “da matança”, os familiares chegam a casa do dono do porco muito cedo para tomarem o pequeno-almoço, onde há um primeiro momento de convívio e se come qualquer coisa para haver força para se poder segurar o “marrano”.
De seguida há uma distribuição de tarefas, que todos já conhecem; os homens vão ao “cortelho”, lugar onde está o porco e com uma corda levam o animal até ao local onde vai ser morto, geralmente é sobre um carro de vacas ou uma espécie de banco de madeira. Depois do animal estar na horizontal, há alguém experiente, que põe em prática toda a sua habilidade e, de uma só vez, espeta a faca no pescoço do bicho enquanto uma mulher vai apanhando o sangue para um alguidar ao mesmo tempo que, com uma colher de pau, o vai mexendo para não coagular. Quando o porco já não mexe e já está morto, então o seu pêlo é chamuscado, antigamente com palha e actualmente com um maçarico, e logo a seguir é lavado com água e raspado com facas e pedras.
Seguidamente o porco é pendurado numa escada com um “chambaril” que é um instrumento em madeira em forma de meia-lua, é aberto, as tripas são-lhe retiradas e mais tarde desmanchado para se colocar na salgadeira ou ma arca frigorifica.
Após estas tarefas segue-se o almoço onde há iguarias típicas das matanças. Depois do almoço, as mulheres vão lavar as tripas para a ribeira e durante o dia fazem vários tipos de enchido.
Quando chega a hora de jantar a família volta a juntar-se e a festa continua. No final do jantar reza-se em família e conversa-se um pouco ao serão em volta da lareira.
A matança tradicional é de facto um fenómeno que está a desaparecer, pois começam a ser poucos aqueles que ainda seguem à risca os rituais que estão por trás desta prática comunitária, em que a família e amigos se encontram e, muitas vezes, revivem acontecimentos e recordam antepassados.
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